terça-feira, 4 de março de 2008

DEUS TE ABENÇOE

“Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque eles próprios alcançarão misericórdia”.
Mateus, 5:17.


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DEUS TE ABENÇOE

HILÁRIO SILVA
PSICOGRAFADA POR WALDO VIEIRA
Sobre o Cap. X – Item 16 do ESE


In: Xavier, F. C; Vieira, Waldo. O Espírito da Verdade: Estudos e dissertações em torno de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec. 14 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003.


Logo após fundar o Lar “Anália Franco”, na cidade de S. Manuel, no Estado de São Paulo, viu-se D. Clélia Rocha em sérias dificuldades para mantê-lo.
Tentando angariar fundos de socorro, a abnegada senhora conduzia crianças, aqui e ali, em singelas atividades artísticas. Acordava almas. Comovia corações. E sustentava o laborioso período inicial da obra.
Desembarcando certa noite, em pequena cidade, foi alvo de injusta manifestação antiespírita. Apupos. Gritaria. Condenações.
D. Clélia, com o auxílio de pessoas bondosas, protege as crianças. Em meio à confusão, vê que um moço robusto se aproxima e, marcando-lhe a cabeça, atira-lhe uma pedra.
O golpe é violento. O sangue escorre. Mas a operosa servidora do bem procede como quem desconhece o agressor.
Medica-se depois.
Há espíritas devotados que surgem. D. Clélia demora-se por mais de uma semana, orando e servindo.
Acabava de atender a um doente em casa particular, quando entra senhora aflitíssima. É mãe. Tem o filho acamado com meningite e pede-lhe auxílio espiritual.
D. Clélia não vacila. Corre ao encontro do enfermo e, surpreendida, encontra nele o jovem que a ferira.
Febre alta. Inconsciência. A missionária desdobra-se em desvelo.
Passes. Vigília. Orações. Enfermagem carinhosa.
Ao fim de seis dias, o doente está salvo. Reconhece-a envergonhado e, quando a sós, beija-lhe respeitosamente as mãos e pergunta:
- A senhora me perdoa?
Ela, contudo, disse apenas, com brandura:
- Deus te abençoe, meu filho.
Mas o exemplo não ficou sem fruto, porque o moço recuperado fez-se valoroso militante da Doutrina Espírita e, ainda hoje, onde se encontra é denodado batalhador do Evangelho.

MINHA REFLEXÃO

A vida nos dá muitas lições. O mundo dá muitas voltas, aliás, infinitas voltas. Vira e mexe nos reencontramos com os nossos adversários, aqueles que um dia nos feriram. Se não tivermos com Espírito voltado ao bem, certamente não lhes perdoaremos.
Para perdoarmos, precisamos antes de tudo sermos indulgentes. Agirmos conforme D. Clélia do conto do Espírito Hilário Silva.
É tão bom sabermos compreender o estágio evolutivo das pessoas, assim como precisamos da compreensão dos outros em relação ao nosso.
A indulgência ameniza o grau de imperfeição do nosso semelhante que muitas vezes é elevado a partir de nossa visão de mundo.
Sendo indulgentes, a nossa visão de mundo deixa de ser a única e/ou a primeira. Passa a ser uma entre infinitas existentes pelo universo a fora.
A melhor coisa mesmo é ser amigo, até mesmo de nosso inimigo. Ser amigo do inimigo é saber perdoar na sua maior expressa, pois conforme Paulo, o Apóstolo, “perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo” (ESE, Cap. X, item 15), corroborando com Jesus, que disse segundo Mateus (6: 14 e 15): "se perdoardes aos homens as faltas que cometeu contra vós, vosso Pai celeste também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens quando vos ofendem, vosso Pai também não perdoará vossos pecados.” Ele também ratificou isso na Oração Dominical, quando se expressou ao Pai: (...) perdoa a nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (...)”
Sejamos então indulgentes e, consequentemente, misericordiosos para com os outros e seremos compreendidos e perdoados pelos os outros, e acima de tudo, por Deus.
Nesse tocante, Francisco de Assis foi felicíssimo em sua prece quando em sua apologia pela paz, sendo fiel à Jesus Cristo, se expressou:
“(...) Senhor, fazei que eu procure mais, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado (...)”.

“Sede indulgentes meus amigos, pois a indulgência encanta, acalma, reergue, enquanto a severidade discrimina, distancia e irrita”.

JOSEPH, ESPÍRITO PROTETOR