terça-feira, 12 de janeiro de 2010

REIVINDICAÇÃO

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REIVINDICAÇÕES



HILÁRIO SILVA
Psicografada por WALDO VIEIRA
Sobre o Item 17
[1] do Cap. X[2] do ESE


Há muito aspira Saturnino Peixoto ao interesse de algum homem público para favorecê-lo na abertura de certa estrada.
Para isso, conversou, estudou, argumentou...
Concluiu, por fim, que a pessoa indicada seria o deputado Otaviano, recém-eleito, homem ao qual se referiam todos da melhor maneira, pela atenção e carinho com que se dedicava à solução dos problemas da extensa região que representava.
Depois de ouvir o escrivão da cidade, Saturnino redigiu longa carta-memorial, minudenciando a reivindicação.
E ficou aguardando a resposta.
Correram dias, semanas, meses.
Nenhum aviso.
Revoltado, Saturnino começou a exprobrar a conduta política do deputado que nem sequer lhe respondera à carta.
Sempre que se lembrava do assunto, criticava o político, censurando-o acremente, a envolver todos os homens públicos em condenação desabrida.
Nada valiam ponderações da companheira, D. Estefânia, espírita convicta, que lhe pedia perdoar e esquecer.
Transcorreram três anos, até que a solicitação caducou.
Saturnino, obrigado a desistir da idéia, guardou, contudo, profundo ressentimento do legislador que terminava o mandato.
Certo dia, porém, revolvia os guardados de velha prateleira no escritório, quando encontrou, surpreendido, entre livros e papéis relegados à traça, o memorial que escrevera ao deputado, dentro de envelope sobrescritado, selado e recoberto de pó.
Saturnino se esquecera de enviar a carta...


MINHA REFLEXÃO

Que conseqüências tem uma falha na comunicação, em particular, quando essa comunicação nem chega a partir do emissor. Saturnino, entendendo que não foi atendido, fez julgamentos negativos do político Otaviano. Apesar de sua esposa Estefânia, espírita que era, lhe lembrar da indulgencia, Saturnino não lhe deu ouvido e trancou-se em sua indignação de uma pessoa que se sentiu ultrajada.
Em geral, quando não somos atendidos, nesse ou naquele petitório ou em uma atenção, antes que pensemos em pedir explicações da outra parte, fazemos logo as nossas ilações sobre o que aconteceu e nos detemos, maliciosamente, numa falha que, sem certeza da verdade, o o(a) amigo(o) ou mesmo(a) desconhecido(a) cometeu contra nós. Dizemos: “que falta de consideração!”
É muito importante darmos a chance do outro explicar a ausência, a falta de uma resposta que deveria ser imediata, etc. Assim, estamos sendo indulgente a qualquer coisa que tenha acontecido.
A mensagem de João nos leva a refletir ainda que não basta perdoarmos a falta, mas, também, devemos continuar amigo ou mesmo iniciar uma amizade, se possível, com aquele que nos cometeu uma falta.
Que sejamos amigos sempre, incondicionalmente... Uma falta nunca deve ser motivo para nos afastarmos em definitivo de alguém.

Que Deus nos ajude a sempre entender assim.
PAZ E ALEGRIAS

[1] (...) Que é o que pedis ao Senhor, quando implorais para vós o seu perdão? Será unicamente o olvido das vossas ofensas? Olvido que vos deixaria no nada, porquanto, se Deus se limitasse a esquecer as vossas faltas, Ele não puniria, é exato, mas tampouco recompensaria. A recompensa não pode constituir prêmio do bem que não foi feito, nem, ainda menos, do mal que se haja praticado, embora esse mal fosse esquecido. Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios, o que lhe pedis é o favor de suas graças, para não reincidirdes neles, é a força de que necessitais para enveredar por outras sendas, as da submissão e do amor, nas quais podereis juntar ao arrependimento a reparação (...). João, Bispo de Bordéus, 1962.

[2]Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.).
Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)
Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. - Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?" - Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)