terça-feira, 9 de setembro de 2008

PÁGINA DO CAMINHO

Reconciliai-vos o mais depressa possível como vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil. (S. MATEUS, 5:25 e 26.)

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PÁGINA DO CAMINHO

ALBINO TEIXEIRA
Psicografada por Chico Xavier
Sobre o Item 5 do Cap. X do ESE


Não aguardes o amigo perfeito para as obras do bem.
Esperavas ansiosamente a criatura, na soleira do lar, e o matrimônio trouxe alguém a reclamar-te sacrifício e ternura.
Contavas com teu filho, mas teu filho alcançou a mocidade sem ouvir-te as esperanças.
Sustentavas-te no companheiro de ideal e, de momento para outro, recolheste mistura vinagrosa na ânfora da amizade em que sorvias água pura.
Mantinhas a fé no orientador que te merecia veneração e, um dia, até ele desapareceu de teus olhos, arrebatado por terríveis enganos.
Contudo, embora a dor de perder, continua no trabalho edificante que vieste realizar...
Ninguém reprova o doente porque sofra de mal-humorado.
Ninguém censura a árvore que deixou de produzir porque o lenhador lhe haja decepado os braços frondejantes.
Quase sempre, aqueles que tomamos por afetos mais doces, crendo abraça-los por sustentáculos da luta, simbolizam tarefas que solicitam renúncia e apostolados a exigirem amor.
Não importa o gelo da indiferença, nem o bramido da incompreensão, se buscamos servir.
O coração mais belo que pulsou entre os homens respirava na multidão e seguia só. Possuía legiões de Espíritos angélicos e aproveitou o concurso de amigos frágeis que o abandonaram na hora extrema. Ajudava a todos e chorou sem ninguém. Mas, ao carregar a cruz, no monte áspero, ensinou-nos que as asas da imortalidade podem ser extraída do fardo de aflição, e que, no território moral do bem, alma alguma caminha solitária, porque vive tranqüila na presença de Deus.


MINHA REFLEXÃO


Albino Teixeira se inspirou no Item 5 do Cap. X do ESE, intitulado Bem Aventurados os misericordiosos, onde Alan Kardec interpreta a luz do Espiritismo a passagem evangélica que colocamos no topo dessa postagem.
Segundo a Doutrina Espírita, ao reencarnarmos, fazemos planos que, se bem executados, devem favorecer nosso adiantamento espiritual. Podemos ter acordado conviver com almas que tomamos como filhos do coração por termos em vidas pregressas contribuído para seus descaminhos. Podemos ainda nos consorciar com uma alma que de alguma forma lhes devemos algo no campo da afetividade. Além disso, por questões de relacionamentos nos permitimos conviver com aqueles desafetos do passado delituoso, num ambiente social, seja de trabalho, da vizinhança e as vezes até mesmo religioso.
Eis que no desenvolvimento de nossa missão, aqui ou acolá, nas mais diversas instâncias sociais, já citadas acima, surgem as oportunidades de sermos misericordiosos com aqueles que não contávamos jamais com uma decepção que nos afeta por demais a alma.
Somos e seremos convidados a perdoar-lhes por serem imperfeitos como nós mesmos e por termos lhes dado motivos nessa ou em outras vidas para que não respeitem o que mais significativo possamos ter-lhes dado de nós mesmos independentemente de sermos falíveis e estarmos tanto quanto eles em jornada de aprendizagem e evolução.
Devemos seguir Jesus Cristo que é o maior modelo de misericórdia, pois podia contar os espíritos do mais alto quilate, como nos lembra Albino Teixeira e, no entanto, preferiu contar com seres ainda evolução, para ensejar ensino de maior valor que é o de perdoar a quem mais depositamos confiança e/ou mais investimos com sacrifício na sua aprendizagem.
Precisamos do perdão dos outros, mas evolutivamente, como nos ensinou o nosso iluminado Francisco de Assis, devemos procurar mais “perdoar que ser perdoado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado”(...)
Paz e alegrias....