terça-feira, 25 de agosto de 2009

A HISTÓRIA DE UM PÃO

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A HISTÓRIA DE UM PÃO


IRMÃO X
Psicografada por CHICO XAVIER
Sobre o Item 15 do Cap. XIII


Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.
A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos.
Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal disputando a melhor parte da herança.
Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.
E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...
Todavia, entre estes encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.
Barsabás entregou-se às lágrimas, de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas...
Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.
Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam em todas as direções.
Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.
Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o ministro espiritual que velava no pórtico.
Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou, sereno:
– Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra...
– Ai de mim – soluçou o desventurado – eu jamais fiz o bem...
– Em verdade – prosseguiu o informante – trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojastes, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvour...
E apontou-lhe uma acanhada estrela que brilhava à feição de pequeno disco solar.
– Há trinta e dois anos – disse, ainda, o instrutor – deste um pão a uma criança e essa criança te agradece, em prece ao Senhor da Vida.
Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
– Jonakin, o enjeitado?
– Sim, ele mesmo – confirmou o missionário divino. ¬ Segue a claridade do pão que deste,um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.
E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, ao invés de elevar-se às Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.
Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...
Era Jonakin, aos quarenta de idade.
Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar.
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Decorrido um ano, Jonakin, o carpinteiro, ostentava sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.
Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.

MINHA REFLEXÃO
Como é produtiva a ação do bem...
Isso é muito consolador, pois Jesus nos garantiu que se fizéssemos aos pequeninos estaríamos fazendo a ele (S. MATEUS, cap. XXV, vv. 31 a 46.)...
Então, não custa nada fazermos alguma coisa pelo semelhante sempre que ocorrer uma oportunidade.
Entretanto, podemos também prever e executar ações benfeitoras se acharmos, entendendo que acharemos se procurarmos, um tempo em nossa “apertada” agenda.
Essa mensagem foi inspirada no cap. XIII que discorre sobre não mostrarmos à esquerda o que faz a direita, alusiva ao fazer o bem sem ostentação, pois o prêmio pelo bem que fazemos não se encontra aqui na Terra, mas no “Céu”.
Como foi oportuno o Barsabás ter ajudado Jonakin, pois foi ele que anos depois o recebeu para uma jornada reparadora...Nao sabemos que o que aconteceu com o Barsabás naquela existência como filho de Jonakin...Deve ter sido sofredora...Mas o que significa o sofrimento diante de tantas dores que ele fez os outros passarem?
O certo é que um ato de caridade, e é tão mais caridoso quanto for a espontaneidade e despreocupação com o retorno imediato, é uma credencial a receber a Misericórdia Divina, valendo para quem quer seja, até para o mais perverso da face da Terra. Isto é,...Todos somos filhos de Deus...

PAZ E ALEGRIAS.