segunda-feira, 12 de outubro de 2009

OS NOVOS SAMARITANOS







86
OS NOVOS SAMARITANOS




EURÍPEDES BARSANULFO
Psicografada por WALDO VIEIRA
Sobre o Item 2
[1] do Cap XV do ESE





Quem ainda não caiu nos resvaladouros do erro?
Quem ainda não se viu forçado a reerguer-se de muitas quedas?
Tange as fibras do coração e estende a indulgência, servindo aos companheiros que o açoite da provação flagela e vergasta.
Ei-los que surgem por toda parte:
O doente recluso no manicômio, expirando à míngua de luz, no crepúsculo da existência......
A jovem acidentada cujos olhos empalidecem par não mais fitarem o azul do céu...
O moço que ostenta a saúde a brincar-lhe no corpo e a irreflexão a empurrar-lhe a alma para os antros do vício...
A mulher que resume ao mesmo tempo a ternura de mil mãezinhas, ao enlaçar o filhinho amado e enfermo, desfalecente e já sem forças para chorar...
O homem de passo errante que se estira em descanso sobre passeios e bancos da via pública, tentando conciliar o sono sem sonhos do supremo infortúnio...
O cultivador do solo, preso a dores antigas e que não troca de vestimenta há vários meses de intensa luta...
A dama elegante e bela que traz o coração repleto de enganos sobe o colo estrelado de jóias...
O ébrio de olhar sem brilho e de lábios sem cor, que avança para o sepulcro, cambaleando aos soluços dos filhos entregues à ignorância e à necessidade...
A velhinha encarquilhada que ainda busca coser farrapos de velhos sonhos...
O sentenciado infeliz cuja consolação é somente ouvir a orquestra dos passarinhos sobre as telhas do cárcere...
Construindo o bem sem alarde, no sublime anonimato do amor fraterno, os espíritas podem e devem ser os novos samaritanos, em plena vida de hoje.

MINHA REFLEXÃO



Essa passagem evangélica foi a mensagem inspiradora de um trabalho muito bonito que fiz parte na década de 80. Hoje não tenho mais contato com os amigos do Grupo Espírita de Visita “Humberto de Campos”: Ribamar, Zé Antônio, Noely, Ana Maria. Fazíamos um estudo nos sábados e visitas aos domingos, toda semana. Passamos bons momentos naquelas tardes de domingo, porque, na alegria de estarmos fazendo bem às pessoas que visitávamos, fazíamos bem aos amigos do grupo pela oportunidade dada a eles de ter um grupo afinizado para fazer um trabalho que solitariamente seria mais difícil fazer.
Um dia da semana, da quinzena, do mês, podemos escolher para fazer um trabalho desse que ajuda a muitos a passar pelos momentos que passam em dificuldades de saúde, física ou mental, pela solidão, passando fome ou em risco da marginalidade ou prostituição, refletindo sobre o mal feito as pessoas, em presídios.
Podemos ser os novos samaritanos inspirados na parábola de Jesus quando nos ensinou que a caridade é a “condição absoluta da felicidade futura" (Item 3 do Cap. XV do ESE – Intitulado FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO).
Lendo o Item 3, transcrito no rodapé dessa postagem, concluímos que a CARIDADE é muito mais que fazer visita aos doentes e desvalidos de toda sorte; é muito mais que dizer ser dessa ou daquela religião. A caridade é o nome de um grupo de virtudes que nos levam ao Reino de Deus como sendo um estado de espírito que devemos perseguir representando no final a FELICIDADE ETERNA: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Não é pouca coisa, mas Deus nos dá todo o tempo da eternidade para conseguirmos essa condição...
Uns atingirão mais rápido que outros pela ESCOLHA que fizer visando o melhor para sua vida, mas, outros, ainda reticentes, ainda vão ainda penar bastante para despertar para caminhos mais retos, lembrando que depois da vinda de Jesus Cristo à Terra, já se passaram 2000 anos e ainda nos mostramos ainda vacilantes nessa ESCOLHA como se a FELICIDADE não dependesse dela.
Ainda fazemos muito mal a nós mesmos, retardando nosso progresso e a FELICIDADE ETERNA que o próprio JESUS prometeu e que é tão sonhada e poementizada por tantos, como se fosse apenas um ideal e não algo real, como se fosse alcançada somente por aqueles que nasceram com esse dom, indo de encontro com a JUSTIÇA DIVINA, que é imparcial e soberanamente JUSTA
[2].
Finalizando, deixo uma passagem de Davi, em Salmos, 32: 1-2, que nos adianta, já no seu tempo, que todos têm direito à felicidade. Entretanto, na visão espírita, tendo o Espírito já percorrido e estando percorrendo caminhos ainda muitos comprometedores, pode ainda almejar a FELICIDADE ETERNA, desde que trabalhe nesse sentido, praticando a caridade e, ainda mesmo que doa e, para muitos, que doa muito, pelos males que causou a muitos e a si mesmo: Como é feliz o homem que tem suas desobediências perdoadas e seus pecados cobertos! Como é feliz o homem cujos pecados Deus apagou e está livre de más intenções em seu coração.
PAZ E ALEGRIAS!
QUE DEUS ME AJUDE!

[1] Item 3 que comenta o Item 2. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura. No quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura, alegoria. A homens como os a quem falava, ainda incapazes de compreender as questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais chocantes e próprias a impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha mesmo de não se afastar muito das idéias correntes, quanto à forma, reservando sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas palavras e dos pontos sobre os quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade reservada ao justo e da infelicidade que espera o mau. Naquele julgamento supremo, quais os considerados da sentença? Sobre que se baseia o libelo? Pergunta, porventura, o juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou qual prática exterior? Não; inquire tão-somente de uma coisa: se a caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita, vós que assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros para com eles. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modo e o que crê de outro? Não, pois Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.

[2] LIVRO DOS ESPÍRITOS, QUESTÃO 133. Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem? “Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.”