sábado, 2 de agosto de 2008

CARTA AO MEU FILHO

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CARTA A MEU FILHO

J.
Psicograf
ada por CHICO XAVIER
Sobre o Item 9 do Cap. XIV do ESE

Meu filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo.
Quando você me estendeu a taça envenenada que liquidou a existência, não pensávamos nisso.
Nem você, nem eu.
A idéia da morte vagueava longe de mim, porque esperava de suas mãos apenas o remédio anestésico para minha enxaqueca.
Entendi tudo, porém, quando você, transtornado, cerrou subitamente a porta e exclamou com frieza:
– Morre Velho!
As convulsões, que me tomavam de improviso, traumatizavam-me a cabeça...
Era como se afiada navalha me cortasse as vísceras num braseiro de dor.
Pude ainda, no entanto, reunir minhas forças em suprema ansiedade e contemplar você, diante de meus olhos.
Suas palavras ressoavam-me aos ouvidos: – “morre velho!”
Era tudo o que você, alterado e irreconhecível, tinha agora a dizer.
Entretanto, o amor em minh’alma era o mesmo.
Tornei à noite recuada quando o afaguei pela primeira vez.
Sua mãezinha dormia, extenuada...
Pequenino e tenro de encontro ao meu peito, senti em você meu próprio coração a vagir nos braços...
E as recordações desfilaram, sucessivas.
Você, qual passarinho contente a abrigar-se em meu colo, o álbum de fotografias em que sua imagem apresentava desenvolvimento gradativo em todas as posições, as festas de aniversário e os bolos coloridos enfeitados de velas que seus lábios miúdos apagavam sempre numa explosão de alegria... Rememorei nossa velha casa, a princípio humilde e pobre, que o meu suor convertera em larga habitação, rica e farta... Agoniado, recordei incidentes, desde muito esquecidos, nos quais me observava expulsando crianças ternas e maltrapilhas do grande jardim de inverno para que o nosso lar fosse apenas seu... Reencontrei-me, trabalhando, qual suarento animal, para que as facilidades do mundo nos atendessem as ilusões e os caprichos...
Em todos os quadros a se me reavivarem na lembrança, era você o grande soberano de nosso pequeno mundo...
O passado continuou a desdobrar-se, dentro de mim. Revisei nossa luta para que os livros lhe modificassem a mente, o baldado esforço para que a mocidade se lhe erigisse em alicerce nobre ao futuro... De volta às antigas preocupações que me assaltavam, anotei-lhe, de novo, as extravagâncias contínuas, os aperitivos, os bailes, os prazeres, as companhias desaconselháveis, a rebeldia constante e o carro de luxo com que o presenteei num momento infeliz...
Filho do meu coração, tudo isso revi...
Dera-lhe todo o dinheiro que conseguira ajuntar, mas você desejava o resto.
Nas vascas da morte, vi-o, ainda, mãos ansiosas, arrebatando-me o chaveiro para surripiar as últimas jóias de sua mãe... Vi perfeitamente quando você empalmou o dinheiro, que se mantinha fora de nossa conta bancária, e, porque não podia odiá-lo, orei – talvez com fervor e sinceridade pela primeira vez – rogando a Deus nos abençoasse e compreendendo, tardiamente, que a verdadeira felicidade de n ossos filhos reside, antes de tudo, no trabalho e na educação com que lhes venhamos a honrar ávida.
Não dito esta carta para acusá-lo.
Nem de leve me passou pelo pensamento o propósito de anunciar-lhe o nome.
Você continua sangue do meu sangue, coração de meu coração.
Muitas vezes, ouvi dizer que há filhos criminosos, mas entendo hoje que, na maioria das circunstâncias, há, junto deles, pais delinqüentes por acreditarem muito mais na força do cofre que na riqueza do espírito, afogando-os desde cedo, na sombra da preguiça e no vício da ingratidão.
Não venho falar, assim, unicamente a você, porque seu erro é o meu erro igualmente. Falo também a outros pais companheiros meus de esperança, para que se precatem contra o demônio do ouro desnecessário, porque todo ouro desnecessário, quando não busca o conselho da caridade, é tentação à loucura.
Há quem diga que somente as mães sabem amar e, realmente, o regaço materno é uma benção do paraíso. Entretanto, meu filho, os pais também amam e, por amar imensamente a você, dirijo-lhe a presente mensagem, afirmando-lhe estar em prece para que a nossa falta encontre socorro e tolerância nos tribunais da Divina Justiça, aos quais rogo me concedam, algum dia, a felicidade de tê-lo novamente ao meu lado, por retrato vivo de meu carinho... Então nós dois juntos, de passo acertado no trabalho e no bem, aprenderemos, enfim, como servir ao mundo, servindo a Deus.

NO RETOQUE DA PALAVRA

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NO RETOQUE DA PALAVRA

ANDRÉ LUIZ
Psicografada por WALDO VIEIRA
Sobre o Item 7 do Cap. XI do ESE

Seja onde for, não afirme: – Detesto esse lugar!
Cada criatura vive na terra dos seus credores.

Ouvindo a frase infeliz, não grite: – “É um desaforo!
Invigilância alheia pede a nossa vigilância maior

Atravessando a madureza, não se lamente: – “Já estou cansado”.
Sintoma de exaustão, vontade enferma.

Sentindo a mocidade, não assevere: – “Preciso gozar a vida!”
Romagem terrestre não é excursão turística.

Á frente do amigo endividado, não ameace: – “Hoje ou nunca!”
Agora alguém se compromete, amanhã seremos nós.

Ao companheiro menos categorizado, não ordene: – “Faça isso!”
Indelicadeza no trabalho, ditadura ridícula.

Perante o doente, não exclame: – “Pobre coitado!”
Compaixão desatenta, crueldade indireta.

Ao vizinho faltoso, nunca diga: – “Dispenso-lhe a amizade!”
Todos somos interdependentes.

Sob o clima da provação, não se queixe: – “Não suporto mais!”
O fardo do espírito gravita na órbita das suas forças.

No cumprimento do dever, não clame: – “Estou sozinho”.
Ninguém vive desamparado.

Colhido pelo desapontamento, não reclame: – “Que azar!”
A Lei Divina não chancela imprevistos.

À face do ideal, não se lastime: – “Ninguém me ajuda”.
No Espiritismo temos responsabilidade pessoal com o Cristo
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MINHAS REFLEXÃO

EM OUTRO MOMENTO