terça-feira, 26 de agosto de 2008

ORAÇÃO DA MIGALHA

5. Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. - Nisso, veio também uma pobre que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. - Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; - por isso que todos os outros deram do que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento. (SÃO MARCOS, cap. XII, vv. 41 a 44. - S. LUCAS, cap. XXI. vv. 1 a 4.)6. Multa gente deplora não poder fazer todo o bem que desejara, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, é, dizem, para lhes dar boa aplicação. E sem dúvida louvável a intenção e pode até nalguns ser sincera. Dar-se-á, contudo, seja completamente desinteressada em todos? Não haverá quem, desejando fazer bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo alguns gozosmais, por usufruir de um pouco do supérfluo que lhe falta, pronto a dar aos pobres o resto?
Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, mas que se lhes depararia no fundo dos seus corações, se eles os perscrutassem, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si O ponto sublimado da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos. Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de mais facilmente se enriquecer de súbito e sem esforço, correndo atrás de quimeras, quais a descoberta de tesouros, de uma favorável ensancha aleatória, do recebimento de inesperadas heranças, etc." (Evangelho Segundo o Espiritismo-ALLAN KARDEC)


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ORAÇÃO DA MIGALHA

MEIMEI
Psicografada por CHICO XAVIER
Sobre o Item 5 do Cap. XIII do ESE



Senhor!
Quando alguém estiver em oração, referindo-se à caridade, faze que esse alguém me recorde, para que eu consiga igualmente ajudar em teu nome.
Quantas criaturas me fitam, indiferentes, e quantas me abandonam por lixo emprestável!...
Dizem que sou moeda insignificante, sem utilidade para ninguém; contudo, desejo transformar-me na gota de remédio para a criança doente. Atiram-me a distância, quando surjo na forma de pedaço de pão que sobra à mesa; no entanto, aspiro a fazer, ainda, a alegria dos choram de fome. Muita gente considera que sou trapo velho para o esfregão, mas anseio agasalhar os que atravessam a noite, de pele ao vento... outros alegam que sou resto de prato para a calha do esgoto, mas, encontrando mãos fraternas que me auxiliem, posso converter-me na sopa generosa, para alimento e consolo dos que jazem sozinhos, no catre do infortúnio, refletindo na morte.
Afirmam que sou apenas migalha e, por isso, me desprezam... Talvez não saibam que, certa vez, quando quiseste falar em amor, narraste a história de uma dracma perdida e, reportando-te ao reino de Deus, tomaste uma semente de mostarda por base de teus ensinos.
Faze, Senhor, que os homens me aproveitem nas obras do bem eterno!... E, para que me compreendam a capacidade de trabalhar, dize-lhes que, um dia, estivemos juntos, em Jerusalém, no templo de Salomão, entre a riqueza dos poderosos e as jóias faiscantes do santuário, e conta-lhes que me viste e me abençoaste, nos dedos mirrados de pobre viúva, na feição de um vintém.

MINHA REFLEXÃO
A pobre mulher do gazofilácio é um exemplo de desprendimento pessoal humano que não espera situação boa pra ajudar o semelhante. Ela tirou do que não tinha e Jesus aproveitou a oportunidade para nos ensinar uma lição de caridade.
O Espírito Meimei pensando nessa passagem evangélica lembrou do que se pode fazer com pouco dinheiro, pois muita gente precisa de muito pouco para pelo menos se sentir lembrado por Deus.
E quanto nós estragamos, quanto nós esbanjamos dos recursos que temos. Quanto vestuário parado no nosso guarda-roupa, sobras de comida jogada no lixo.
Muitas vezes achamos que não podemos ajudar o nosso semelhante porque o que temos mal dá para o nosso sustento e uma vida mínima de prazer, que é natural desejar, afinal trabalhamos, e às vezes muito, para isso.
Entretanto, temos muitas riquezas, além do supérfluo, que podemos dividir com o nosso semelhante, que se constituem no uso de nossa inteligência para fazer um trabalho individual ou coletivo de evangelização, levantamento de recursos e mantimentos para os mais indigentes da “sorte”, uma conversa amiga com aqueles indigentes da familia.
Lembro da história real de uma pessoa que fazia visitas ao asilo de mendicidade, colônia de hansenianos, hospital de doentes mentais e orfanatos. Certo domingo (dia reservado para esse trabalho) ele se encontrou totalmente sem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus para ir até um local, onde se encontraria com a esposa, para de lá irem juntos à visita.
E pensou: Meu Deus o que fazer? Como posso ajudar meu semelhante se não tenho dinheiro nem pagar um ônibus para ir fazer o trabalho de visita de hoje? Ele teve a resposta como um ânimo interior e uma intuição de que deveria ir para a parada de ônibus assim mesmo. E ele foi, vivendo lá um milagre:
depois de algumas negativas de pessoas a lhe arranjar uma passagem para tomar o ônibus que o levaria até a esposa que lhe esperava com dinheiro para seguirem juntos para a visita, lhe apareceu, não se sabe de onde, um motoqueiro (meio suspeito, sem camisa e meio a um chuvisco que teimava em cair. rs) que lhe ofereceu uma carona sem nunca ter lhe conhecido, deixando-o no local dejesado.
Pode haver maior exemplo que nos faz acreditar que Deus nos estimula a sermos caridosos com o nosso semelhante, mesmo não tendo nenhum recurso?
Que Deus nos ajude a pensar que muito podemos fazer pelo próximo, mesmo com apenas uma moeda, ou mesmo sem nenhuma.