sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O FILHO DO ORGULHO

Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre.(LARCODAIRE-ESPÍRITO,1863 – ESE, IN: CAP. VII, ITEM 11)
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O FILHO DO ORGULHO

CAIBAR SCHUTEL
Psicografada por Waldo Vieira
Sobre o Item 11 do Cap. VII do ESE

O Melindre – filho do orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral.
Assim, quando o Espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclarece.
O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.
Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.
Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo: É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais comparecendo às assembléias.
O médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às reuniões.
O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz e que se amua na inutilidade.
O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que esse supõe menosprezado, encerrando atividade na imprensa.
A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença.
O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-ser infantilmente injuriado.
O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação.
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.
O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência.
A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência.
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.
O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.
Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir.
A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados.
Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.
Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqüilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido.
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém.
Cabe-nos ouvir a consciência e seguí-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias.
E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos...


MINHA REFLEXÃO

Larcordaire, o autor da mensagem inspiradora da mensagem de Cairbar Schutel, fez uma belíssima pagina sobre a dicotomia orgulho e humildade. A mensagem sobre esse tema, no ESE, está no Cap. VII, intitulado Bem-Aventurados os pobres de espíritos. Então, Cairbar Schutel traz a reflexão para o contexto da Casa Espírita e nos faz lembrar de nossos melindres, próprios de pessoas orgulhosas que querem ser lembradas com a devida importância que elas mesmas sentem merecedoras.

O agrupamento humano de um centro espírita representa uma secção da humanidade terrena ainda muito imperfeita e por isso ainda é possível encontrar nele todas as formas de melindres citadas pelo Espírito Cairbar Schutel.

Entretanto, apesar de muitos se afastarem por esse motivo, encontramos na seara espíritas verdadeiros guerreiros contra o seu próprio orgulho que aprendem também na relação com o outro, na convivência diária do centro espírita. Esses são os verdadeiros espíritas, que acreditam na doutrina espírita como uma revelação muito além de seus próprios interesses.

Sejamos espíritas, em particular, na casa espírita, que é uma das extensões do lar, onde também temos que rechaçar o nosso orgulhos, em especial, se formos os pais.
Abraços aos leitores.
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2 comentários:

Unknown disse...

Seu comentário é totalmente pertinente. O combate ao nosso orgulho é tarefa íntima de cada dia, em especial na casa espírita onde o interesse do Cristo prevalece sobre tudo. Um grande abraço!!!

DOMÍCIO M. MACIEL disse...

Grato, irmã(ão), por comentar!
Concordo com você.
Abraço!!