terça-feira, 14 de julho de 2009

SE VOCÊ PENSAR

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SE VOCÊ PENSAR

ANDRÉ LUIZ
Psicografada por CHICO XAVIER
Sobre o Item 6
[1] do Cap. IX do ESE



Diz você que a palavra do companheiro é agressiva demais; no entanto, se você pensar nas frases contundentes que lhe saem da boca, nem de leve passará sobre o assunto.
Diz você que o amigo praticou erro grave; contudo, se você pensar nos delitos maiores que deixou de cometer, simplesmente por fugir-lhe a oportunidade, não encontrará motivo de acusação.
Diz você haver sofrido pesada ofensa; entretanto, se você pensar quantas vezes tem ferido os outros, olvidará, incontinenti, as falhas alheias.
Diz você que não suporta mais os trabalhos com que os familiares lhe tributam as horas, mas, se você pensar nos incômodos que a sua existência tem exigido de todos eles, não terá gosto de reclamar.
Diz você que os seus sacrifícios são muito grandes, em favor do próximo; no entanto, se você pensar nas vidas que morrem diariamente, para que você tenha a mesa farta, decerto não falará mais nisso.
Diz você que as suas necessidades são invencíveis; contudo, se você pensar nas privações daqueles que seriam infinitamente felizes com as sobras de sua casa, não tropeçaria na queixa.
Diz você que não pode ajudar na beneficência, sem razão de velha enxaqueca; contudo, se você pensar naqueles que jazem no leito dos hospitais, implorando um momento de alívio, não adiará seu concurso.
Diz você que não dispõe de tempo para o cultivo da caridade, mas, se você pensar nos mil e quatrocentos e quarenta minutos que você possui, cada dia, para viver na Terra, não se esconderá em semelhante desculpa.
Em todo assunto de falta e perdão, não nos demoremos visando os outros. Pensemos em nós próprios e preferiremos fazer silêncio, extinguindo o mal.

MINHA REFLEXÃO

Se pensarmos mesmo, do que temos que reclamar? A vida é tão simples, as coisas existem em nossa função e nós só precisamos fazer o que nos cabe para podermos ter um pouco de sossego. Entretanto, muitas vezes nos abatemos e estagiamos num nível mental de pessimismo e depressão, porque algo não vai bem.
Somos devedores do passado e não damos conta disso quando persistentemente algo nos levar a nos atribularmos. Em verdade, quando algo se dá de modo adverso, teimamos em cultivar a impaciências até e principalmente com os entes queridos.
Afabilidade e doçura são virtudes que sonho eternizar em mim, em qualquer ocasião, em qualquer lugar. Nem sempre consigo, seja em casa ou no seio do trabalho ou mesmo na relação com o cidadão comum, seja prestador de serviço ou um beneficiário dos meus serviços públicos.
Poderia concordar com aquele que só se mostra uma fera em casa. Não é o meu caso, pois já me desentendi e já fui processo por causas das minhas palavras mesmo veladas de uma construção cuidadosa para não ofender, mas que no final acabaram sendo injuriosas. Entendo que sou o mesmo em casa como sou na rua. E o meu grande alvo nessa existência é a aquisição da brandura e paciência pelo menos num nível melhor do que aquele em que me encontrava antes de reencarnar.
Que sigamos conforme os planos de Deus, e os nossos, em particular, que sejam abençoados por Ele.
PAZ E ALEGRIAS.

[1] A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás.
A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir. Envaidecem-se de poderem dizer: "Aqui mando e sou obedecido", sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: "E sou detestado."
Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. - Lázaro. (Paris, 1861.)

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